“O Envelhecimento Populacional e a Sustentabilidade das IPSS’s” esteve em debate em Cantanhede

A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinalou em 17 de Outubro, o Município de Cantanhede, através do Conselho Local da Acção Social, e o Núcleo Distrital de Coimbra da Rede Europeia Anti Pobreza (EAPN) promoveram um encontro entre agentes sociais para debater “O Envelhecimento Populacional e a Sustentabilidade das IPSS’s”.

Com a iniciativa as entidades promotoras pretenderam dar visibilidade a questões relacionadas com a pobreza e exclusão social, situações que em Portugal têm os maiores focos de incidência em crianças, mulheres e idosos.

O encontro teve com principal objetivo fomentar a reflexão sobre a evolução demográfica e os seus efeitos ao nível da qualidade de vida da população mais idosa, com base na análise alguns dos elementos disponíveis que ajudam a caracterizar uma situação que aponta para o acentuar dos casos de carência social e do risco de pobreza.

A crise que afeta o país, a contração da atividade económica e o aumento do desemprego afetam muito negativamente a capacidade de geração de riqueza e provocam inevitavelmente a diminuição das receitas do estado e da segurança social, bem como o aumento das necessidades de proteção social, dois efeitos que potenciam o risco de pobreza dos indivíduos e das famílias, com todos os problemas que daí advêm no que diz respeito aos cuidados a providenciar aos idosos.

A representante da EAPN, Paula Duarte, enfatizou «a importância de iniciativas como este encontro entre agentes sociais, no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, e destacou a atualidade e pertinência do tema em debate, sobre o qual se levantam questões muito complexas. Esta é sem dúvida uma boa forma de mobilizar os agentes sociais, as instituições e entidades públicas e sociedade civil para enfrentar os desafios que se colocam a este nível».

Conforme foi referido no encontro, INE, o Anuário Estatístico da Região Centro realizado pelo INE em 2007 aponta para o concelho de Cantanhede índices de envelhecimento e superiores à média nacional, o que deixa antever o aumento das dificuldades na assistência a um sector da população particularmente vulnerável.

Presente na sessão, António Rochette, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e responsável pela elaboração da Carta Social do Município, apresentou os dados sobre “O Envelhecimento Populacional: A Realidade do Concelho de Cantanhede”, fazendo a caracterização demográfica e as perspectivas relativamente à evolução da população. Os elementos apresentados estão disponíveis na Carta Social e, segundo o professor universitário, «são fundamentais para um planeamento estratégico integrado para enquadrar a intervenção dos agentes sociais».

A este propósito o vereador da Solidariedade e Ação Social, Pedro Cardoso, afirmou que «um desafio claro que se coloca à autarquia é ao nível das respostas que é necessário dar a esta realidade do envelhecimento da população. Temos o privilégio de poder contar com uma Rede Social coesa e dinâmica, com IPSS’s verdadeiramente empenhadas no exercício de uma intervenção social qualificada, como de resto temos constatado pelas ações em que estão envolvidas». Para aquele elemento do executivo camarário cantanhedense «infelizmente a atual conjuntura coloca maiores exigências, exige que reforcemos a abordagem pela positiva, exige uma antecipação dos problemas e a intensificação do trabalho em rede para criação de condições que permitam resolver as situações de fragilidade social que vão surgindo especialmente aquelas que afetam os idosos».

No que diz respeito à sustentabilidade financeira das instituições, foi mencionado o decréscimo da diminuição das comparticipações financeiras do Estado como um forte constrangimento à sua atividade, o qual entretanto tem vindo a ser agravado com a diminuição do rendimento das famílias, que estão confrontadas com crescentes dificuldades em suportar custos da assistência social a elementos do agregado familiar. Segundo alguns dos responsáveis presentes, há cada vez mais famílias a pedirem a revisão das mensalidades ou a desistir, deixando dívidas por saldar, situação que, conjugada com a diminuição das comparticipações da segurança social e o aumento generalizado dos custos cria grandes obstáculos às instituições.