Amadeu Carvalho Homem, historiador e professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, começou por dar o mote com uma brilhante intervenção sobre A Consciência Histórica como Fator de Identidade, abrindo caminho para a apresentação editorial de Bases para uma História Política, primeiro volume da série Construir a Memória da Região de Cantanhede, da autoria de Manuel Cidalino Madaleno e edição da editora Areias Vivas. Na abertura da sessão solene comemorativa do 39.º Aniversário do 25 de Abril, o presidente da Câmara já se tinha referido à obra como uma «narrativa absolutamente notável sob vários pontos de vista, a começar pela sua clareza e consistência, uma narrativa que dá início edição de dez livros que vêm colmatar as lacunas decorrentes da escassa historiografia existente sobre os vários temas abordados». João Moura havia enfatizado ainda «o alcance cultural da extraordinária pesquisa que Manuel Cidalino Madaleno realizou para construir o mais completo inventário de textos de pendor jornalístico publicados nos últimos 120 anos, com base nos quais escreveu uma obra que passa a ser referência fundamental para quem queira conhecer esse período na Região de Cantanhede». Na sua intervenção o autor falou do modo como, ao longo de oito anos, desenvolveu a pesquisa e o estudo que está na base da obra, em cujo primeiro volume escreve, em nota de abertura, que decidiu dedicar-se «a esta paciente tarefa» por ter sentido «uma irrefreável vontade de ver ‘ressuscitado’ o representativo testemunho da pujança de sucessivas gerações». Segundo refere, a leitura de milhares de periódicos «tornou possível a tentativa de, despretensiosamente, contribuir para traçar a memória desta parcela do território gandarês e da limítrofe zona do torrão bairradino, que tantas afinidades revelam». Em registo confessional, Manuel Cidalino Madaleno conclui a dizer que, «para além da fruição de gratificante e incoercível prazer pessoal, me entreguei a este esforço pensando, particularmente, em dois aspetos: - no benefício do acesso das gerações mais jovens ao conhecimento do seu passado, repentinamente tornado tanto mais remoto quanto a espantosa evolução tecnológica faz parecer quase pré-históricos os mais evoluídos procedimentos de há poucas dezenas de anos; - em avivar a memória e fazer meditar as rezingonas gerações dos menos jovens – tão insatisfeitas por depressa terem esquecido as dificuldades que tiveram de enfrentar no país que foi o dos seus verdes anos – na razão de Tchekhov: «Onde não estamos é que estamos bem. Já não estamos no passado, e então ele parece-nos belíssimo»”. Na contracapa do primeiro volume da obra, o médico e escritor Cândido Ferreira considera que «numa época em que prevalecem interesses mesquinhos, o apoio do Município de Cantanhede a esta relevante iniciativa do Prof. Cidalino Madaleno, é prova monumental de que a seara da cultura ainda goza de campo fértil, entre nós». E sublinha que «o conhecimento, a par do caráter, é a principal fonte de luz de que dispomos para iluminar os caminhos do futuro, adiantando que a publicação do primeiro tomo desta curiosa e, muitas vezes, até divertida viagem pela História das nossas gentes, terá de ser entendida como o contributo de cidadãos que não desistem de lutar por um mundo melhor e mais próspero, aberto às gerações vindouras». O também escritor e académico Idalécio Cação, a propósito de Construir a Memória da Região de Cantanhede, escreve que se trata de «uma investigação altamente meritória, quer pelo seu ineditismo, quer pelo valor intrínseco de que se reveste. É um notável documento histórico do último século e meio da região de Cantanhede e um repositório de dados sociológicos que dá prazer compulsar». Série Construir a Memória da Região de Cantanhede Volume I – Bases para uma História PolíticaVolume II – A Religião, a Política e as SuperstiçõesVolume III – A Higiene e a MedicinaVolume IV – Os costumesVolume V – As Festas e as TradiçõesVolume VI – A Educação, a Cultura e o DesportoVolume VII – O DesenvolvimentoVolume VIII – A EconomiaVolume IX – História(s) da Imprensa do ConcelhoVolume X – Rudimentos para uma História Urbanística A sinopse de Construir a Memória da Região de Cantanhede refere que se trata de um aturado trabalho de pesquisa da riquíssima mas ainda pouco estudada História de Cantanhede e da sua região nos últimos 150 anos. Em dez volumes temáticos, o autor delicia os leitores com textos de grande vivacidade, ao mesmo tempo sérios e divertidos, profundos e descontraídos, com base em transcrições de notícias e de análises ora ponderadas, ora hilariantes; ora dramáticas, ora jubilosas. Por eles desfila a imensa variedade de personagens de um povo forjado de todos os temperamentos, onde se amalgamam laboriosos e mandriões; proletários e burgueses; famintos e cevados; incultos e sábios; pacíficos e violentos; solidários e avarentos; boçais e corteses; crédulos e pirrónicos; ingénuos e maliciosos; embezerrados e pândegos... Poder-se-á afirmar que o verdadeiro autor deste notável trabalho é o próprio povo. E que os cronistas foram os correspondentes dos jornais locais que, desde o séc. XIX, foram relatando, minuciosamente, a História construída de todas as urdiduras que tecem a vida coletiva: das intrigas políticas; das conturbadas relações entre o clero e o povo; da difícil compatibilização entre a fé religiosa e a crendice nas superstições; das festas populares e dos seus extravagantes episódios; dos rocambolescos combates entre filarmónicas; das já esquecidas tradições; dos inimagináveis costumes; dos inacreditáveis hábitos de higiene; das ingénuas e incautas práticas da medicina; das estrambóticas histórias dos primórdios do ensino, da cultura e do desporto; do dificultoso acolhimento das novidades que fizeram o progresso; do paradoxo de cómicas cenas de dramáticas dificuldades económicas; das impetuosas polémicas da evolução urbanística; das violentíssimas e burlescas altercações que fizeram a História da imprensa local… Convicto de que “o passado é o presente, tal como sobreviveu na memória humana” e “age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente”, o autor “ressuscitou”, passo a passo, todo um manancial de relevante informação que se encontrava inacessível. Esse meticuloso esforço faz da série Construir a Memória da Região de Cantanhede um trabalho absolutamente único e indispensável para percebermos o nosso presente a partir do conhecimento dos fundamentos da nossa cultura e das múltiplas vertentes da História do nosso povo desde meados do séc. XIX.
Amadeu Carvalho Homem, historiador e professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, começou por dar o mote com uma brilhante intervenção sobre A Consciência Histórica como Fator de Identidade, abrindo caminho para a apresentação editorial de Bases para uma História Política, primeiro volume da série Construir a Memória da Região de Cantanhede, da autoria de Manuel Cidalino Madaleno e edição da editora Areias Vivas.
Na abertura da sessão solene comemorativa do 39.º Aniversário do 25 de Abril, o presidente da Câmara já se tinha referido à obra como uma «narrativa absolutamente notável sob vários pontos de vista, a começar pela sua clareza e consistência, uma narrativa que dá início edição de dez livros que vêm colmatar as lacunas decorrentes da escassa historiografia existente sobre os vários temas abordados». João Moura havia enfatizado ainda «o alcance cultural da extraordinária pesquisa que Manuel Cidalino Madaleno realizou para construir o mais completo inventário de textos de pendor jornalístico publicados nos últimos 120 anos, com base nos quais escreveu uma obra que passa a ser referência fundamental para quem queira conhecer esse período na Região de Cantanhede».
Na sua intervenção o autor falou do modo como, ao longo de oito anos, desenvolveu a pesquisa e o estudo que está na base da obra, em cujo primeiro volume escreve, em nota de abertura, que decidiu dedicar-se «a esta paciente tarefa» por ter sentido «uma irrefreável vontade de ver ‘ressuscitado’ o representativo testemunho da pujança de sucessivas gerações». Segundo refere, a leitura de milhares de periódicos «tornou possível a tentativa de, despretensiosamente, contribuir para traçar a memória desta parcela do território gandarês e da limítrofe zona do torrão bairradino, que tantas afinidades revelam».
Em registo confessional, Manuel Cidalino Madaleno conclui a dizer que, «para além da fruição de gratificante e incoercível prazer pessoal, me entreguei a este esforço pensando, particularmente, em dois aspetos:
- no benefício do acesso das gerações mais jovens ao conhecimento do seu passado, repentinamente tornado tanto mais remoto quanto a espantosa evolução tecnológica faz parecer quase pré-históricos os mais evoluídos procedimentos de há poucas dezenas de anos;
- em avivar a memória e fazer meditar as rezingonas gerações dos menos jovens – tão insatisfeitas por depressa terem esquecido as dificuldades que tiveram de enfrentar no país que foi o dos seus verdes anos – na razão de Tchekhov: «Onde não estamos é que estamos bem. Já não estamos no passado, e então ele parece-nos belíssimo»”.
Na contracapa do primeiro volume da obra, o médico e escritor Cândido Ferreira considera que «numa época em que prevalecem interesses mesquinhos, o apoio do Município de Cantanhede a esta relevante iniciativa do Prof. Cidalino Madaleno, é prova monumental de que a seara da cultura ainda goza de campo fértil, entre nós». E sublinha que «o conhecimento, a par do caráter, é a principal fonte de luz de que dispomos para iluminar os caminhos do futuro, adiantando que a publicação do primeiro tomo desta curiosa e, muitas vezes, até divertida viagem pela História das nossas gentes, terá de ser entendida como o contributo de cidadãos que não desistem de lutar por um mundo melhor e mais próspero, aberto às gerações vindouras».
O também escritor e académico Idalécio Cação, a propósito de Construir a Memória da Região de Cantanhede, escreve que se trata de «uma investigação altamente meritória, quer pelo seu ineditismo, quer pelo valor intrínseco de que se reveste. É um notável documento histórico do último século e meio da região de Cantanhede e um repositório de dados sociológicos que dá prazer compulsar».
Série Construir a Memória da Região de Cantanhede
Volume I – Bases para uma História PolíticaVolume II – A Religião, a Política e as SuperstiçõesVolume III – A Higiene e a MedicinaVolume IV – Os costumesVolume V – As Festas e as TradiçõesVolume VI – A Educação, a Cultura e o DesportoVolume VII – O DesenvolvimentoVolume VIII – A EconomiaVolume IX – História(s) da Imprensa do ConcelhoVolume X – Rudimentos para uma História Urbanística
A sinopse de Construir a Memória da Região de Cantanhede refere que se trata de um aturado trabalho de pesquisa da riquíssima mas ainda pouco estudada História de Cantanhede e da sua região nos últimos 150 anos.
Em dez volumes temáticos, o autor delicia os leitores com textos de grande vivacidade, ao mesmo tempo sérios e divertidos, profundos e descontraídos, com base em transcrições de notícias e de análises ora ponderadas, ora hilariantes; ora dramáticas, ora jubilosas.
Por eles desfila a imensa variedade de personagens de um povo forjado de todos os temperamentos, onde se amalgamam laboriosos e mandriões; proletários e burgueses; famintos e cevados; incultos e sábios; pacíficos e violentos; solidários e avarentos; boçais e corteses; crédulos e pirrónicos; ingénuos e maliciosos; embezerrados e pândegos...
Poder-se-á afirmar que o verdadeiro autor deste notável trabalho é o próprio povo. E que os cronistas foram os correspondentes dos jornais locais que, desde o séc. XIX, foram relatando, minuciosamente, a História construída de todas as urdiduras que tecem a vida coletiva: das intrigas políticas; das conturbadas relações entre o clero e o povo; da difícil compatibilização entre a fé religiosa e a crendice nas superstições; das festas populares e dos seus extravagantes episódios; dos rocambolescos combates entre filarmónicas; das já esquecidas tradições; dos inimagináveis costumes; dos inacreditáveis hábitos de higiene; das ingénuas e incautas práticas da medicina; das estrambóticas histórias dos primórdios do ensino, da cultura e do desporto; do dificultoso acolhimento das novidades que fizeram o progresso; do paradoxo de cómicas cenas de dramáticas dificuldades económicas; das impetuosas polémicas da evolução urbanística; das violentíssimas e burlescas altercações que fizeram a História da imprensa local…
Convicto de que “o passado é o presente, tal como sobreviveu na memória humana” e “age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente”, o autor “ressuscitou”, passo a passo, todo um manancial de relevante informação que se encontrava inacessível. Esse meticuloso esforço faz da série Construir a Memória da Região de Cantanhede um trabalho absolutamente único e indispensável para percebermos o nosso presente a partir do conhecimento dos fundamentos da nossa cultura e das múltiplas vertentes da História do nosso povo desde meados do séc. XIX.