Cantanhede celebrou o 25 de Abril com evocação de personalidades marcantes do concelho

A celebração do 25 de Abril em Cantanhede teve este ano particular enfoque na evocação de algumas personalidades do concelho que são referências marcantes da história e da cultura de Portugal. A sessão solene comemorativa do 41.º aniversário da efeméride teve como momento alto a apresentação editorial do Livro de Ouro do Município, que foi o objeto da palestra de Francisco de Oliveira, académico e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, cujo reitor, João Gabriel Silva, esteve também na cerimónia para outorgar a chancela da instituição à obra, nos termos do protocolo assinado na ocasião, juntamente com o presidente da Câmara Municipal, João Moura.

No total são 12 biografias, sobre figuras tão relevantes como D. António Luís de Meneses, 3.º Conde de Cantanhede e 1.º Marquês de Marialva, herói da Restauração de 1640, Pedro Teixeira, capitão desbravador da Amazónia no século XVII e herói nacional brasileiro, António de Lima Fragoso, notável pianista e compositor, Jaime Cortesão, médico, político e intelectual, Carlos de Oliveira, autor incontornável do neorrealismo português, e Augusto Abelaira, jornalista e escritor de grande craveira intelectual, entre outras.

A intervenção do líder do executivo camarário cantanhedense enfatizou «o valor histórico e patrimonial de uma obra que se destina a manter bem vivo na consciência coletiva das atuais e futuras gerações o legado de quem se distinguiu por atos de coragem, audácia, saber, humanismo ou talento» e agradeceu ao professor Francisco de Oliveira o trabalho de coordenação que desenvolveu juntamente com «o nosso ilustre conterrâneo Fernando Santos». João Moura deu ainda testemunho público do reconhecimento da autarquia aos autores das biografias, «designadamente os ilustres académicos e investigadores Maria Paula Marçal Lourenço, Anete Costa Ferreira, António Franquelim Sampaio Neiva Soares, Paulo Ferreira de Castro, José Carlos Seabra Pereira, Maria Manuel Barbosa Magalhães Carneiro, Maria Fernanda Amoroso Lopes, Osvaldo Silvestre e Paulo Alexandre Cardoso Pereira, Maria Alegria Fernandes Marques, que na introdução dá enquadramento a todos os capítulos».

Sobre o 25 de Abril, o presidente da Câmara Municipal afirmou que «a autarquia promove a celebração da efeméride, entendendo-a como fator absolutamente crucial na afirmação do regime democrático em que o país tem vivido desde há 41 anos, pois é uma entidade a quem cabe a responsabilidade de atuar no sentido de manterem bem vivos os princípios e valores que lhe estão subjacentes».

João Moura entende que os seus ideais do 25 de Abril são transversais a todas as forças políticas, «o que eventualmente difere é o caminho para chegar à sua materialização, traduzida em avanços para uma cidadania plena, pelo que a ninguém é permitido o direito de se reclamar dono dos seus valores, pelo que não fazem qualquer sentido os conflitos institucionais criados artificialmente por quem julga possuir esse estatuto, tal com são despropositadas as clivagens políticas geradas artificialmente em torno de um acontecimento que é também um conceito em que todos os portugueses se revêm».

A concluir o autarca considera que «a maturidade política que o país atingiu em 41 de democracia exige, pelo menos, o respeito institucional entre agentes políticos que, podendo assumir-se como adversários, não têm o direito de atuar com a hostilidade própria dos inimigos». Mas adiantou: «todos os dias os órgãos de comunicação nos dão conta de situações dessas, mas não se julgue que com esta reflexão pretendo lançar alguma farpa no âmbito do confronto político que se tem vindo a desenvolver no concelho, que esse, abstraindo um ou outro excesso, felizmente tem sido pautado por um espírito construtivo na defesa dos interesses do Município».

Perante uma assistência que incluía a vice-presidente da Câmara Municipal, os vereadores Pedro Cardoso, Júlio de Oliveira, Célia Simões, Cristina de Jesus, presidentes de junta e outros autarcas, bem como responsáveis de diversas entidades, discursaram ainda os representantes da Assembleia Municipal, designadamente Adérito Machado, da mesa do plenário, Manuel Augusto dos Santos, em representação do PSD, e João Paulo Vagos, do PS.

Outro ponto alto da cerimónia foi o recital de piano com “Música de Fragoso”, interpretada pelo pianista Manuel Araújo, vencedor da última edição do concurso BLIND, que decorreu recentemente em Paris.

Antes disso, nos claustros dos Paços do Concelho, havia sido inaugurada a exposição “A Cor da Liberdade”, com sonetos de José Monteiro e ilustrações de Nuno Pedreiro, na sequência da habitual saudação às bandeiras, com a participação da Fanfarra da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede, e da largada de Pombos pela ASSSCC – Associação de Solidariedade Social Sociedade Columbófila Cantanhedense.

No âmbito do programa das comemorações do 41.º Aniversário do 25 de Abril promovidas pelo Município de Cantanhede, o presidente da Câmara Municipal, acompanhado pela vice-presidente da autarquia e pelo vereador Pedro Cardoso, assinalou a efeméride com a deposição junto ao busto de Jaime Cortesão, em Ançã.