Marcelo Rebelo Sousa “fascinado” com o Museu de Arte e do Colecionism

O Presidente da República confessou-se “fascinado” com o MACC - Museu de Arte e do Colecionismo de Cantanhede, a cuja inauguração presidiu no dia 29 de setembro. Ao intervir na sessão, já depois do descerrar da lápide, Marcelo Rebelo de Sousa deu conta que esta unidade museológica cumpre o dever de estar “ao serviço dos outros, do futuro e das futuras gerações”.

“O Museu de Arte e do Colecionismo de Cantanhede é muito melhor do que imaginava. É um museu que retrata a vida de uma pessoa e de uma família, num determinado tempo, que viajou pelo mundo”, referiu, lembrando que é também o exemplo de como “as mais pequenas coisas fazem a diferença”.

O chefe de Estado lembrou que um museu tradicional se dedica a um criador, a uma época, a um país ou a uma temática, mas no caso do MACC, “permite apreciar várias miniexposições”, de uma forma criativa. Elogiou, a propósito, o programa museológico estruturado por Baptista Pereira, nomeadamente as estratégias expositivas muito originais, alternando salas-arquivo e outros dispositivos de arquivo/vitrine.

“O professor Baptista Pereira definiu uma maneira espetacular de dispor os objetos, onde podemos encontrar a unidade na diversidade. Percam tempo com os postais, com a excecional coleção de moedas ou com as primeiras notas a entrar em circulação e a arte sacra”, observou.

A terminar a sua intervenção, o Presidente da República mostrou-se convicto da dimensão pedagógica que o MACC poderá assumir, garantindo que “parte da coleção do Dr. Cândido Ferreira irá seguramente merecer a devida atenção de muitos estudiosos”.

A abrir a sessão inaugural, a presidente da Câmara Municipal disse não ter dúvidas que o concelho de Cantanhede fica “bastante mais rico” com a abertura do MACC, “não apenas pelo valor intrínseco do seu importante acervo, mas sobretudo pelas imensas possibilidades que com ele se abrem para o reforço do posicionamento cultural desta cidade a nível nacional”.

A autarca recordou o caminho feito até ao dia da abertura, marcado por um minucioso trabalho multidisciplinar, no qual “todos os serviços municipais estiveram envolvidos e participaram ativamente”.

“A eles deixo o meu mais profundo reconhecimento pelo exemplar profissionalismo e extremosa dedicação com que executaram as extraordinariamente exigentes tarefas de organizar as coleções do Dr. Cândido Ferreira”, agradeceu.

Helena Teodósio deu conta que o MACC foi concebido para assegurar a salvaguarda e conservação das peças cedidas por Cândido Ferreira, mas pretende ir mais além. “Queremos que seja um museu vivo, um museu com uma aposta forte nas funções cultural, patrimonial e educativa que não podem deixar de fazer parte de equipamentos coletivos desta natureza”, enfatizou.

A autarca lembrou o investimento feito para que este se torne um projeto diferenciador, desde logo quanto ao enquadramento das exposições, da sua montagem e organização, mas também no que diz respeito à produção de conteúdos e à construção de narrativas consistentes sobre o que elas representam, passando pelos indispensáveis mecanismos de comunicação e difusão.

A este propósito elogiou o trabalho de Baptista Pereira, que incluiu a enorme tarefa de realização do inventário e classificação do espólio.

“O nosso agradecimento pelo trabalho que desenvolveu a esse nível, um trabalho em que teve a preocupação de explorar todo o potencial das coleções, organizando-as e apresentando-as de acordo com as mais atualizadas conceções museológicas e segundo uma museografia cativante e atrativa para públicos de todas as gerações”, enfatizou.

Um dos desafios que agora se coloca passa por sensibilizar a comunidade para a importância desta unidade museológica. “Temos que mobilizar as escolas, as instituições e os munícipes em geral a partilharem o que o museu terá para proporcionar, criando vínculos de identificação fortes e gerando dinâmicas que potenciem o alargamento dos diferentes públicos-alvo”, apontou.

A terminar, Helena Teodósio lembrou que o MACC “celebra a paixão por preservar, documentar e dar significado a objetos da criação humana, através de narrativas que neste caso sintetizam a visão do Dr. Cândido Ferreira na constituição do importante acervo museológico que a partir de agora fica patente ao público”.

Organizado em sete grandes áreas de colecionismo - pintura, mobiliário e artes decorativas portuguesas, arqueologia de todas as civilizações, artesanato do mundo, história do dinheiro, história postal, temas de bibliografia e afins e colecionismo dito popular -, o MACC reúne um acervo constituído por cerca de 800 mil peças, divididas em cerca de 100 coleções.