A inclusão foi o mote escolhido para o programa das comemorações do 25 de Abril e a presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio, assinalou isso mesmo no discurso que proferiu na sessão solene realizada ontem no salão nobre dos Paços do Concelho. A autarca aludiu a propósito “ao variado leque de iniciativas que vão realizar-se até ao próximo dia 2 de maio para sensibilizar os cidadãos relativamente à necessidade de se reforçarem os fatores inclusivos e acentuar a eliminação de obstáculos para pessoas que sofrem de algum tipo de limitação. Do que se trata é promover uma reflexão sobre o muito que ainda falta fazer para quem vive fisicamente condicionado possa dispor de condições para viver a liberdade em todas as suas dimensões”, referiu. Helena Teodósio considera que, “se o 25 de Abril é símbolo da sociedade mais justa e solidária que queremos construir, e é-o efetivamente, então há ainda muitas barreiras a derrubar para que aqueles que enfrentam limitações não vejam diminuídos os seus direitos de cidadania”.Outro foco do discurso da líder do executivo camarário cantanhedense foi o da “afirmação do poder local, uma das grandes conquistas do 25 de Abril, mesmo reconhecendo que ele deve ser levado mais longe, no que de resto é uma questão pacífica entre os agentes políticos”. O que, segundo a autarca, não é nada pacífico é o modo como o Governo está a transferir mais competências para as autarquias, adiantando que da avaliação que o município tem vindo a fazer às implicações do processo ressalta desde já que, “por exemplo, no que diz respeito só ao campo da saúde, os custos da assunção de novas competências serão quatro vezes superiores ao valor proposto pelo Governo. Não é assim que se respeita a autonomia do poder local que tem vindo a consolidar-se desde o 25 de abril, não é assim que as autarquias podem acentuar o seu esforço de participação no processo de desenvolvimento do país”, sublinhou.A este respeito, Helena Teodósio faz questão de “deixar bem claro que o Município de Cantanhede quer assumir as novas competências, até porque tem a convicção de que as exercerá melhor em benefício das populações, o que não pode é aceitá-las a qualquer preço, negligenciando a importância dos indispensáveis recursos financeiros”. O convidado de honra da sessão solene de Cantanhede foi o maestro e compositor Pedro Barroso, que abriu o período de intervenções com uma alocução sobre o significado da conquista da democracia e da vivência numa sociedade multipartidária, a propósito da qual abordou as conquistas do 25 de Abril, invocando a importância “de passarmos a ter sociedade plural, pois um país de uma única tonalidade já tivéramos durante 50 anos. E que bom, que necessário é haver contraditório, que bonito que é haver posições diferentes! O fundamental é que seja possível o diálogo, que é também, manifestamente, um fator de inclusão”, salientou.“É preciso explicar aos jovens, essencialmente aqueles que têm menos de 40 e poucos anos, que isto da liberdade não nasceu connosco, a liberdade foi conquistada com coragem e abnegação”, disse Pedro Barroso, lembrando “o primeiro 1º de Maio celebrado em liberdade, a alegria de milhões de pessoas num ambiente de fraternidade sem preconceitos que o perturbassem, nem raça, nem credo, nem cor, nem etnia, nem religião, nem até pensamento político ou filosófico”. No final da intervenção do maestro e compositor, a presidente da Câmara entregou-lhe a Medalha da Cidade e felicitou-o pelos seus 50 anos de atividade no campo da música, que se completam em 2019.Perante uma assistência que incluía o vice-presidente da autarquia, Pedro Cardoso, os vereadores Adérito Machado, Célia Simões, Luís Silva e Gonçalo Magalhães, bem como presidentes de junta e outros autarcas, usaram ainda da palavra na cerimónia o presidente da Assembleia Municipal, João Moura, e os representantes das forças políticas que integram o órgão deliberativo do Município, designadamente Carlos Fernandes, pelo PSD, José Vieira, pelo PS, e Carlos Negrão pela CDU. No final das intervenções, a Associação Filarmónica Marialva realizou no salão da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários o Concerto da Liberdade e da Inclusão.